Raciocínio lógico, memorização, dedicação. Inteligência lógico-matemática necessária para, na nossa época, adentrar nos bancos de uma escola de medicina.
Logo na primeira aula, o diretor do curso deixa uma mensagem bem clara: medicina é uma arte! É uma forma de sabedoria prática (ou phronesis, na filosofia aristotélica). Então, um médico, além de conhecimento técnico, precisará ter formação cultural, histórica, literária, filosófica, ética e espiritual. Inteligência humanística, não meramente lógico-matemática.
Segue mais um ensinamento: o imperativo de tentar preservar a vida, nos informando categoricamente que mais aliviamos do que curamos – surpresa para os jovens, a lição da humildade.
A mitologia grega nos apresenta as três Moiras, irmãs responsáveis por determinar nossos destinos. Enquanto Cloto era a responsável por tecer o fio da vida, Láquesis decidia quanto tempo cada pessoa viveria, medido pelo comprimento do fio. Por fim, Átropos o cortava com sua tesoura, determinando o momento da morte. Citamos os gregos porque, além da mitologia, foram eles que nos presentearam com o racionalismo, cerne do desenvolvimento da ciência ocidental.
O correto equilíbrio entre a técnica, a arte e a humildade só é atingido com a leitura, potencializada pelo tempo. O tempo nos permite ter lido mais, ter tratado mais pacientes, ter vivenciado os sucessos e fracassos terapêuticos, e conhecido as faces psicológicas humanas.
Dizem que cirurgiões e clínicos têm visões opostas da medicina; preferimos nos entender dentro de um espectro de entendimentos complementares. Nosso intuito é compartilhar nossas experiências e visões do mundo sobre as coisas atemporais de nossa existência, que são as que realmente importam. Como médicos, tentamos negociar com Láquesis e, quem sabe, eventualmente enganar – temporariamente – Átropos, esperando que ela não leve para o lado pessoal e entenda que esse é o nosso trabalho.
Arte, humildade, racionalidade: esses serão nossos princípios. Line of Life, nossa forma de expressá-los.